<h1>Por que precisamos do Superman?</h1>

Post originalmente escrito por Guilherme Infante.

O Superman é o primeiro e maior super-herói conhecido (e, com certeza, meu preferido). Para termos noção da sua representatividade, seu simbolo é o segundo mais reconhecido do globo, perdendo apenas para a cruz.

Essa constatação já é suficiente para que reflitamos sobre a importância de um, aparentemente simples, personagem de ficção científica criado há cerca de 70 anos.

Não pretendo abordar os motivos pelo qual ele foi necessário dentro do contexto socioeconômico de seu surgimento e nem a relevância pop que ele tem dentro da economia, nacionalismo e na arte, através de musicas, livros, história em quadrinhos, cinema, etc. Quero escrever sobre os motivos pelo qual precisamos dele como um símbolo em pleno século XXI.

Uma coisa é certa, vivemos tempos difíceis.

Vejo guerras e guerrilhas ocorrendo constantemente em países que nem conseguimos falar o nome, mas sites de noticias fazem questão de estampar em caixa alta nas manchetes o número de mortos. Temos o medo e tensão crescente de grandes potencias bélicas e suas armas nucleares que se provocam constantemente através da mídia. Enquanto, no Brasil, recebemos as noticias cotidianas de corrupção, surtos de doenças, explosões de violência hedionda, depreciações culturais, descaso com os miseráveis e crescentes problemas econômicos.

Enfim, estou certo que vivemos tempos difíceis para os que recebem, de forma crítica, essas informações. 

Nesses períodos, normalmente as pessoas tendem a sentir-se sozinhas, desesperam-se e, consequentemente, tomam atitudes desesperadas.

É neste cenário que o Superman pode representar uma ideia, um simbolo e, com certeza, um ideal.

Kal-El, filho de Jor-El e o ultimo filho de Krypton, foi enviado a terra como salvação, para si mesmo e para a humanidade. Aqui na Terra, ele foi acolhido por uma família atenciosa que lhe deu carinho e instrução. Entretanto, toda esta tratativa não o transformou em humano, apenas lhe deu uma falsa sensação de pertencer à nossa raça. Portanto, assim como nós em nossos momentos de angústia, ele se viu só (temos a Fortaleza da Solidão, criada em 1958, para reforçar a ideia de um alienígena solitário habitando entre humanos inferiores). Ele é, de fato, o ultimo de sua espécie, diferente de nós que apenas sentimos estar sós.

Entretanto o objetivo de Kal-El, quando enviado por seu pai para um planeta banhado por um sol que lhe transformaria numa divindade entre os seres, era outro e o desespero não fazia parte do plano. 

O novo filme do Superman (Man of Steel) possui um diálogo retirado do quadrinho Grandes Astros Superman que retrata bem o dever do Superman para conosco:

"Você lhes concedeu um ideal a que aspirar. Você encarna as aspirações mais elevadas. Eles hão de correr, de cambalear, cair, rastejar... e praguejar... e, enfim... hão de acompanhá-lo até o sol, Kal-El."

Evidente que estamos falando sobre um personagem de ficção, mas se observarmos o conceito e a ideia,  temos uma mensagem subliminar passada sutilmente através de paginas coloridas com balões repletos de textos. Os poderes do Superman são apenas físicos, ele possui as mesmas angustias, medos e incertezas que nós. Estamos falando de uma mente humana presa num corpo praticamente indestrutível, com o peso moral de manter a humanidade unida e ser um guia para sua redenção.

Precisamos da sutileza do super-herói de capa, voando e batendo em bandidos caricatos para nos lembrar que nossa sensação de isolamento e solidão é apenas uma consequência do medo.

Precisamos de um filme cheio de CGI e cenas elaboradas de ação para demonstrar às novas gerações que todos possuem receios e que a diferença será a nossa postura em relação ao medo.

Precisamos de um balão com um texto informando que nos guiaremos até o sol para entendermos a metáfora de seguirmos para a luz representando o bem e salvação.

Por isso, em pleno seculo XXI, precisamos do Superman.