terça-feira, 6 de novembro de 2012

Druidismo, o Paganismo Celta


O Druidismo era a religião praticada pelos celtas, antigo povo da Grã-Bretanha, Irlanda e algumas regiões da Europa Continental. Hoje, junto do Movimento Reconstrucionista Celta, é mais que uma religião, é um estilo de vida que visa recuperar os valores e cultura do povo celta e incorporá-los à nossa sociedade.

Origem e Ramificações

O Druidismo originalmente era a religião dos celtas, um povo que habitou a Europa pré-cristã. Desde o século VI a.C. há registros sobre povos conhecidos como keltoi (gregos) ou celtae (romanos) vivendo ao longo de toda a Europa Continental (de Portugal ao Leste Europeu) e Ilhas Britânicas (atuais Grã-Bretanha e Irlanda). Com a expansão do Império Romano e do Cristianismo a sociedade celta foi desaparecendo, mas sua cultura se mesclou a dos invasores e hoje é parte integrante da cultura europeia, por meio do folclore, música e língua. Júlio César foi um dos primeiros a escrever sobre os druidas (do galês derwydd, que significa "sabedoria do carvalho", uma árvore sagrada para os celtas). A visão moderna do druida o retrata como um sacerdote, mas os textos clássicos os retratam como filósofos, embora presidissem rituais. Mas foi somente no século XVIII que houve o interesse de reavivar o Druidismo. Iolo Morganwg (pseudônimo de Edward Williams), nativo do País de Gales, era um grande conhecedor da cultura celta e nacionalista ferrenho. Obcecado em dar ao seu povo uma identidade cultural que os separasse dos "invasores ingleses", em 1792 ele realizou o ritual de inauguração de seu Gorsedd (assembleia de bardos) em plena praça pública em Londres. Assim nascia o Gorsedd dos Bardos Britânicos. 
O elemento comum ao Gorsedd de Morganwg e às demais ordens druídicas da época era um legítimo interesse na história ancestral da Grã-Bretanha, um nacionalismo exacerbado e uma enorme dose de criatividade. Ao longo do século XVIII e início do século XIX a Grã-Bretanha se viu tomada por ordens druídicas reclamando sua "grande ancestralidade". No entanto ainda faltava a acuidade histórica e mitológica.

Isso foi trazido pelo poeta William Butler Yeats. Irlandês radicado num bairro boêmio de Londres, Yeats não só era um excelente escritor - vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1923 - como gozava de grande influência nas principais sociedades secretas da época. Unindo os dois universos, Yeats foi o principal expoente do Crepúsculo Celta - um movimento literário que visava, através do resgate das lendas e mitos da Irlanda, resgatar a identidade cultural daquela nação após séculos de dominação britânica. Sua contribuição foi tão grande que seus estudos foram a base para Ross Nichols, em 1964, fundar a Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas (OBOD), a primeira ordem realmente voltada à pesquisa histórica e mitológica sobre os celtas. 

Hoje, as principais ordens druídicas são a OBOD, a British Druid Order e a Druid Network (Rede Druídica), uma organização internacional que visa espalhar o Druidismo sem deixar a tradição se perder.

Crenças

"o druidismo é uma espiritualidade profundamente arraigada na terra, mas que se renova a cada novo amanhecer. É uma tradição que honra nossa terra, os mundos interno e externo, os espíritos da terra, do mar e dos céus, os espíritos de nossos ancestrais; é uma filosofia que possui em sua essência a exploração da relação sagrada, de espírito para espírito."_Emma Restall Orr


Como toda religião pagã, o Druidismo possui uma espiritualidade centrada na Natureza, mas o que o diferencia das outras é o modo como ela se manifesta. O principal elemento da crença druídica é o awen; uma palavra galesa cuja tradução é difícil, mas se for preciso fazê-lo pode ser usada como "inspiração". Nas palavras de Phillip Shalcrass (líder da BDO) awen é "aquela estranha sensação de formigamento que nos domina ao contemplarmos uma bela peça de arte, ao ouvirmos uma linda canção pela primeira vez, ao vermos o rosto da pessoa que amamos”. O awen é a sensação de júbilo ao contemplar a beleza do mundo, é o fluxo de energia criativa do artista, é a força que derrama dos deuses para dentro do druida.

Por conta do awen, a expressão artística é muito valorizada no Druidismo; os praticantes da Tradição são incentivados a senti-lo e expressá-lo o tempo todo, por meio da música, poesia, escrita, desenho, escultura, palavras ou qualquer outro meio que o praticante desejar. Outra coisa valorizada é a busca das próprias origens e a preservação da cultura dos ancestrais. Embora os rituais e celebrações sejam centrados nos celtas, cada praticante deve buscar seus próprios antepassados, sua cultura e religião, e se não for incorporá-la, ao menos respeitá-la. Sendo assim, não existe uma prática única; cada druida possuirá a sua própria expressão do Druidismo.

Mas no Druidismo há tambem o conceito de ancestrais da Tradição, as pessoas que o antecederam na senda, tanto os druidas originais quanto os que remontaram as práticas druídicas. Portanto a veneração aos deuses e à cultura celta, alem de serem um assunto de interesse do próprio adepto, tem um caráter sagrado na religião. Outra interessante manifestação da fé druídica é o nacionalismo - uma característica incomum entre as religiões. Mas não o nacionalismo ligado a ideologias políticas, xenofóbico, belicoso e protecionista; um nacionalismo que busca a valorização do seu povo, de sua historia e identidade cultural. Ainda que isso envolva um certo culto a símbolos nacionais, o druida se vê como um amante e venerador de sua terra, e isso envolve tanto as energias naturais e ancestrais quanto a sociedade, seu povo e sua nação.

Práticas

Existem três tipos de "sacerdócio" dentro do Druidismo, chamados de Ofícios; os bardos, os ovates e os druidas. Os bardos são os responsáveis por preservar e transmitir as tradições, histórias e lendas, bem como a história geral e da comunidade e a cultura. Seus grupos e reuniões são chamados de gorsedds. Os ovates são os responsáveis pela conexão e comunicação com o Outro Mundo e os mortos, do que concerne à saúde e, antigamente, dos partos. Também são os principais responsáveis pelo vaticínio (artes oraculares), embora seja permitido e mesmo bastante comum observar outros ofícios e mesmo druidistas utilizando técnicas oraculares. Esta classe costuma ter menor contato com a comunidade, mas são muito importantes. Os druidas, por sua vez, são os que mais se aproximam de um sacerdote. Responsáveis pela liturgia, pelas leis e por fazer cumpri-las, pelos ritos públicos, pelas conciliações, pelo treinamento dos demais sacerdotes, especialmente em seu estágio inicial. Possuem ainda outras responsabilidades junto ao resto do corpo sacerdotal. Seus grupos e reuniões são chamados de groves (bosque, em inglês).

A Roda do Ano comemorada no Druidismo segue as oito celebrações celtas, que homenageiam os deuses daquela mitologia - Lugh, Brighid, Dagda, Danu, entre outros. Quantos às práticas mágicas, o Druidismo tem muito em comum com a Wicca; as ferramentas e o círculo mágico (aqui chamado de Nemeton), os ritos de passagem, a magia natural, tudo isso são pontos em comum entre as duas religiões - pois grande parte do material usado por Gerald Gardner vinha dos estudos de Yeats e Nichols. As práticas próprias do Druidismo são o Ogham, um alfabeto de origem irlandesa usado como oráculo, a busca dos animais de poder (prática comum tambem no Xamanismo) e a memorização de lendas e provérbios druidas, conhecidos como tríades por serem expressos em forma tríplice. Exemplo:

"Três deveres de um druida;
curar a si mesmo;
curar a comunidade;
curar a Terra.
Pois se assim não o fizer, não poderá ser chamado de druida."

Mas a principal prática druídica é a comunhão com a Natureza; os druidas acreditam que entender e viver em contato com os processos naturais tornam o homem sábio e honrado. Caminhar descalço num parque, tomar um banho de mar ou simplesmente parar e ouvir o canto dos pássaros são o cerne da espiritualidade celta, e sem isso o druida não pode progredir na Tradição.

Livros recomendados: Princípios do Druidismo(Emma Restall Orr), escrito pela líder adjunta da BDO e fundadora da Druid Network, o livro é uma introdução ao Druidismo, com informações sobre a história do movimento e dos celtas, as celebrações, práticas, lendas e deuses, Ritual (Emma Restall Orr), trata da magia druídica, cura, oráculos, animais de poder, contatos com deuses e espíritos da Natureza, O Livro da Mitologia Celta (Cláudio Quintino Crow), escrito pelo primeiro representante da Druid Network no Brasil, o livro é uma introdução didática e concisa ao mundo dos mitos celtas, usados como referencial para os ritos, crenças e práticas druídicas.


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