A
Última Tentação de Cristo é um filme de 1988, dirigido pelo grande cineasta
Martin Scorsese. O roteiro é uma adaptação do romance A Última Tentação de
1951, do escritor grego Nikos Kazantzakis.
Confesso que não achei o filme forte;
muitos já disseram que é um filme ofensivo, blasfemo. Eu o achei, em sua
essência, humano.
O filme conta a história de
Jesus, um carpinteiro judeu mal visto pelos outros por fabricar cruzes para os
romanos. Alem de sua profissão, Jesus é hostilizado por ser solteiro em idade
avançada (e provavelmente virgem), e por fim, por se declarar o Messias.
E este é o cerne do filme; o que
fez um homem comum acreditar que sua missão era salvar a humanidade? Como
funcionava sua cabeça? Que dúvidas existenciais ele possuía? A que tentações
resistia? Sem dúvida, se você é cristão (ã) já deve ter torcido o nariz no
“homem comum”, mas é assim que Jesus é retratado aqui; um homem com um grande
coração, altruísta, inspirador e justo, mas ainda assim um homem.
O filme levanta várias questões
interessantes, que hoje são famosas por livros como O Código Da Vinci e O Santo
Graal e a Linhagem Sagrada. Aqui, Jesus se casa com Maria Madalena e constitui
família, e Judas é um militante anti-romano e seu discípulo mais fiel, que
recebe a missão de traí-lo. Desde que vi o filme me pergunto: como Nikos
Kazantzakis, na década de 50, teve essas idéias que só apareceriam para o
grande público décadas depois? Lembrando que não é só uma questão de
criatividade, visto que o Evangelho de Judas e o Evangelho de Filipe contam
histórias bem parecidas e são descobertas posteriores.
Aliás, Nikos teve uma
vida bem agitada desde que escreveu esse romance. Foi excomungado em 1955 e a
Igreja Católica incluiu A Última Tentação no Index Librorum Prohibitorum
(Índice de Livros Proibidos, se você não lê latim). Alem disso o filme foi
proibido em diversos países e até hoje é considerado polêmico.
Independente de religião, A
Última Tentação de Cristo é um ótimo filme; um filme sobre os conflitos
internos do homem.
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