sábado, 19 de janeiro de 2013

Crítica: A Viagem (Cloud Atlas)



(Crítica por Leandro Samora. O nosso colaborador.)

Em 1999, os Irmãos Wachowski me deixaram com cara de bobo, sem entender muito bem o que eu tinha acabado de ver, mas ao mesmo tempo deslumbrado pelo show visual que tinha acabado de se apresentar. Matrix levou um tempo para ser digerido e assimilado na minha cabeça, mas valeu a pena. Em 2013, ao que parece, a história se repete.

Agora nós temos Andy e Lana (ex-Larry) Wachowski se unindo ao diretor alemão Tom Tykwer – que tem no currículo ótimos longas, como Corra, Lola, corra (1998) e Trama Internacional (2009) – para trazer à luz A Viagem (2012), adaptação do livro de David Mitchell. E o filme é uma pancada visual, com os irmãos muito à vontade para explorar maluquices, maquiagens ótimas ou muito estranhas, novas idéias e todo aquele arsenal de referências que os fãs muito bem conhecem. Será o retorno dos Wachowski, que há 15 anos não empolgam?

A Viagem se passa em seis períodos históricos simultaneamente, incluindo duas projeções pessimistas de futuro. Em todas essas épocas, os mesmos atores se revezam em diferentes papéis – só o Tom Hanks se apresenta como sete personagens. A idéia é que toda essa gente interaja em tempos diferentes, mostrando que sempre há uma conexão entre certas pessoas, ainda que em vidas distintas.

Eu não me envergonho ao dizer que o filme me deixou confuso! Talvez seja informação demais de uma vez, talvez minha cabeça tenha se desacostumado com o estilo dos Wachowski e do próprio Tykwer. Talvez A Viagem precise de um tempo, assim como Matrix precisou. Mas vamos lá.

Talvez o meu erro ao assistir A Viagem foi estar o tempo todo buscando um fio condutor na trama que fosse unificar todas as histórias que se apresentavam. Algum recurso que no final revelasse uma grande conspiração ou qualquer coisa desde o período mais antigo que no final revelasse seu propósito. É como se eu estivesse preocupado com o todo e perdesse o que o filme gritasse para eu prestar atenção desde o começo: o único fio condutor são as pessoas.

O que é mostrado a todo tempo é como a vida pode ser cíclica, nas relações, no estabelecimento das sociedades, nas ambições que sempre estão aí. Aquelas mesmas pessoas – ou melhor, suas essências – estão o tempo todo se reencontrando e reencenando uma mesma peça: a busca pelo frágil equilíbrio entre o bem e o mal. Em todas as épocas há aqueles que se consomem pela ganância e não medem consequências. Seja pelo controle do petróleo, pela perpetuação do lucro sobre a exploração e violência, o gosto pelo sangue – ou a forma mais mundana e mesquinha apresentada na banal “febre do ouro” – a História sempre tem os famintos pelo poder e riquezas. E, em contrapartida, há os dispostos a firmar o pé pelo que é certo e lutar.

São as ações de cada um que reverberam pela eternidade e marcam suas existências. É o carma de matar e depois ser morto, de praticar a bondade e estabelecer as conexões que vão transcender o próprio tempo, o próprio espaço.

A Viagem traz tudo isso com comédia, drama, thriller, ação, ficção científica. Na tela, ao longo de três horas. Na trama, por toda a História. Gostando ou não, é difícil negar que é uma bela experiência.


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