segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Crítica: Obrigado por fumar (2005)



Como você defenderia um cliente que matou uma pessoa?
Agora, como você defenderia um cliente que mata 12 mil pessoas… por dia?

Os números são de Nick Naylor (Aaron Eckhart), porta voz da indústria de cigarros dos EUA. E ele não parece se abalar pelo número de vítimas do ramo que representa. Afinal de contas, ele é um profissional.

De saída, vale dizer que Obrigado por fumar (2005) é um filme ótimo, que vale a pena ser visto algumas vezes. O texto é afiado, com um humor mordaz e muito crítico. A idéia é expor a sociedade americana e suas contradições, a superficialidade da criação dos elementos que compõem o tão alardeado padrão de vida desta sociedade. E nada escapa, desde a lógica mercantil por trás das guerras – afinal, no fundo, são apenas negócios, e velhos inimigos podem ser grandes consumidores no futuro – até a tradição da exploração emocional nos programas vespertinos e os péssimos hábitos alimentares. Perto de tantos problemas crônicos, o espectador quase se convence de que o fumo, afinal, nem parece tão mal assim.



E se ao final de uma hora e meia você não odeia os cigarros mais do que tudo, é porque se trata de um filme cuja protagonista é a Argumentação. Nick Naylor domina o tempo de cena mas, acima de tudo, é uma história sobre a arte da retórica e como ela é utilizada.

Em certo momento, Nick Naylor diz: “Esta é a beleza da discussão. Se discutir bem, nunca estará errado”. E esta frase é o que dá o tom de Obrigado por fumar.

O lobista da indústria do tabaco não liga realmente para o cigarro. Para ele, não é nada pessoal. É apenas um trabalho desafiador. Ele é um cruzado da retórica, o defensor dos indefensáveis, aquele que fala pelos que todos odeiam. Ele é o sujeito que convence o menino moribundo – e toda uma plateia raivosa – que o cigarro não é o grande vilão. Ele é aquele que vai convencer o cowboy da Marlboro, com um câncer corroendo seus pulmões cansados de toda uma vida inalando fumaça, a aceitar o dinheiro da indústria tabagista e se calar para a mídia.

E como ele faz isso? Com uma argumentação bem preparada e difícil de derrubar. Ele convence as pessoas com seu dom da fala simplesmente porque ele pode.

Responsabilidades morais à parte, Obrigado por fumar é um filme que, acima de tudo, diverte. O espectador fica o tempo todo com aquele sorrisinho de canto de boca, pensando “Como é que ele vai escapar dessa agora?”.

Consegui te convencer?
Quem compartilhar vai ganhar um fantástico abraço!!!
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1 COMENTÁRIOS

  1. Excelente Crítica sobre um excelente filme!

    "Obrigado por fumar" é, acima de tudo, na minha opinião, um jogo de palavras que vai desde o título. E a argumentação que Nick faz, ao longo do filme, é digna de aplausos!

    Quem ainda não viu, veja sem medo... Me junto ao coro do amigo Co-autor Leandro Samora!

    Muito bom mesmo!!

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