(Crítica por Leandro Samora)
Uma coisa deve ser dita: Ben Affleck é um cara legal. A maioria das pessoas costuma se lembrar do rapaz a partir de atuações bastante duvidosas e, principalmente do – Deus noslivre – famigerado filme do Demolidor. Entretanto, não é exatamente nas frentes das câmeras que se vê seu talento.
Desde o Oscar de melhor roteiro em parceria com o amigão Matt Damon por Gênio Indomável (1997), Affleck vem desenvolvendo seu gosto pelas diferentes áreas do cinema. E em Argo (2012), seu terceiro filme na direção, o astro demonstra que está atingindo sua maturidade e definindo seu enfoque: o filme é o melhor thriller do diretor, que tem nocurrículo Medo da Verdade (2007) e Atração Perigosa (2010), ambos muito bons.
Em 1979, após a deposição do Xá Reza Pahlevi pelo aiatolá Khomeini, a população iraniana, ciente das intervenções americanas no antigo governo, se revolta e invade a embaixada dos EUA, fazendo 54 reféns. Durante a invasão, 6 funcionários conseguem escapar e se refugiar na embaixada canadense, se tornando as pessoas mais procuradas na cidade pelo comitê revolucionário.
Temendo o pior, a CIA se mobiliza para bolar um plano de resgate. É então que entra em cena Tony Mendez (Ben Affleck), especialista da agência, com um plano mirabolante: simular a produção de uma ficção científica no Irã – aproveitando o aspecto “exótico” do país – para poder retirar os reféns disfarçados de cineastas.
O filme perde um pouco o ritmo no momento em que troca as opressivas ruas e Teerã pela alegre e artificial Hollywood, onde Mendez corre contra o relógio para convencer a central de inteligência americana a financiar a produção de “Argo”, seu filme falso. Porém, é um respiro bem vindo porque, entre emulações do universo Star Wars e figurantes de Battlestar Galactica, o espectador se diverte com as tiradas divertidas de John Goodman e Alan Arkin. E o espectador precisa desse fôlego extra para o eletrizante 3° ato do filme.
Affleck logo recupera o ritmo e apresenta um desfecho daqueles de deixar a pessoa desgrudada do encosto. Vindo da experiência de seus dois filmes anteriores como diretor, faz o que sabe de melhor: criar tensão. Em muitos momentos faz lembrar o excelente seriado Breaking Bad que tem nas deixadas tensas seu ponto alto. Aliás, para quem gosta da série, Argo conta ainda com a presença do protagonista do programa de TV, Bryan Cranston, como chefe do agente Tony Mendez.
Se atrás das câmeras Aflleck não desaponta, na atuação também não deixa por menos. Seu agente Mendez cumpre bem seu papel de homem carregando o peso do mundo nas costas, o profissional competente e resignado dos bastidores, que cumpre sua função mesmo que isso custe a vida pessoal.
Argo, no fim das contas, é um ótimo filme. A história de como a CIA se uniu à Hollywood para resgatar 6 pessoas é tão improvável que só poderia ser verdadeira. E é. Inspirado em fatos reais, o terceiro filme de Ben Affleck como diretor vale o ingresso por si só e também para quem gosta de ver a evolução do homem além do Demolidor. Porque, no fim das contas, Ben Affleck é um cara legal.
E argof(*)yourself.
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