Botinada é um documentário de 2006 que narra o início do movimento punk no Brasil (1976 a 1984) com entrevistas de jornalistas, cineastas, bandas e simpatizantes do movimento. Produzido por Gastão Moreira, ex-VJ e jornalista musical, o filme é resultado de quatro anos de pesquisa, 77 pessoas entrevistadas, 200 horas de vídeo e muitas imagens raras e inéditas compiladas pela primeira vez - como a banda Cólera tocando ao vivo em 1980 na TV Tupi, apresentação que nunca foi ao ar.
Um ponto forte do documentário, na minha opinião, é o seu ano de lançamento. Não entendeu? Eu explico. Quantas vezes nos vemos em situações constrangedoras, desagradáveis e não temos coragem de falar nisso no dia seguinte? Ou conta vezes nos pegamos lembrando de uma determinada pessoa, evento ou lugar depois de muitos anos e percebemos o quanto aquilo foi importante para nós? É justamente esse distanciamento que o tempo traz que nos dá a real noção do quanto aquilo foi importante para o rock nacional e para as pessoas envolvidas. Com a sabedoria adquirida (ou não) durante mais de vinte anos desde o ocorrido, os entrevistados falam da violência das gangues, da censura do Governo, da repressão policial e dos desentendimentos entre bandas sem a raiva pelo fato recem-ocorrido, mas é claro, sem deixar de lado a paixão pelo assunto e a parcialidade de quem viveu o fato. Assim, evitamos torcer a cara ao ouvir as palavras "gangue", "ditadura" e tantas outras; não há nada que possamos fazer, isso fez parte da realidade daqueles jovens, o que resultou num movimento que veio para "pintar de negro a asa branca, atrasar o trem das onze, pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer" e deixou sua marca na história da música brasileira.
Eu assisti esse documentário por ser fã da música/movimento punk e para um estudo antropológico sobre a transformação do punk no hardcore no começo dos anos 80 e é muito bom mesmo...
ResponderExcluir"Assisti para um estudo antropológico(...)". Nossa me senti um merda agora kkk, eu assisti pelas histórias que os caras contam - a do cara que perdeu a mão e usa um gancho no pulso é a melhor.
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