— Ah, minha criança de verão — disse a Velha Ama em voz baixa, — que
sabe de medo? O medo pertence ao inverno, meu pequeno senhor, quando as neves
se acumulam a até três metros de profundidade, e o vento gelado uiva do norte. O medo
pertence à longa noite, quando o sol
esconde o rosto durante anos e as crianças nascem, vivem e morrem sempre na
escuridão, enquanto os lobos gigantes se tornam magros e famintos, e os caminhantes brancos se movem
pelos bosques.
Esse
é o espírito de A Guerra dos Tronos, o primeiro livro d’As Crônicas de Gelo e
Fogo, a série de fantasia mais bem sucedida dos últimos tempos. Escrito por George R. R. Martin em 1996, o livro trouxe muitas novidades que hoje são tendências no gênero.
A começar pela forma de contar a história. O livro tem oito personagens narradores que embora os capítulos sejam escritos em terceira pessoa, contam a história pelo seu ponto de vista, cada um em um capítulo. Surpreendentemente essa forma de narrativa dá mais dinamismo à história, pois raramente o autor reescreve um evento sob a ótica de outro personagem; essa narrativa é usada justamente para ampliar o número de eventos no livro e fazer com que o leitor conheça o íntimo dos personagens.
O livro segue basicamente três núcleos de história ao mesmo tempo. Eddard Stark, lorde de Winterfell e Protetor do Norte, é nomeado conselheiro do Rei Robert, seu velho amigo. Ao ser avisado de que talvez seu antecessor tenha sido assassinado, Eddard aceita o cargo e vai à capital investigar o caso em segredo. Enquanto isso seu filho bastardo Jon Snow é recrutado pela Patrulha da Noite, uma ordem de cavalaria que defende a Muralha, uma construção colossal que separa os Sete Reinos civilizados dos selvagens do Norte; mas estranhos eventos indicam que existe uma ameaça muito maior a caminho. Então o autor nos tira das intrigas palacianas e do perigo do Norte e nos leva a um outro continente, quente e exótico, onde o príncipe Viserys Targarien e sua irmã Daenerys, filhos do Rei Louco deposto por Robert, planejam sua vingança e a reconquista do trono dos Sete Reinos.
O foco de A Guerra dos Tronos, como o próprio nome indica, é a intriga palaciana. Embora os outros dois núcleos venham a interferir na história principal (sem spoilers), o livro foca nas alianças secretas, conspirações e armadilhas das Casas, e principalmente na busca pelo poder da Casa Lannister. Pra mim essa é a Casa mais interessante do livro, pois todos os personagens são icônicos; o patriarca Tywin Lannister, o homem mais rico dos Sete Reinos, temido tanto pela riqueza e influência quanto pela destreza militar; a Rainha Cersei, bela e ardilosa, que conspira para botar seu filho no trono; seu irmão gêmeo Jaime, o Regicida, membro da Guarda Real mas visto com desconfiança pelos irmãos por ter matado o rei anterior; e o anão Tyrion, de mente ágil e língua afiada. Aliás esse é outro diferencial do livro; os personagens são tão humanos, críveis e realistas, que é impossível apenas gostar do mocinho e odiar o vilão. Todos tem suas próprias motivações, erram e se arrependem, temem pela sua vida e de seus entes queridos, e vez ou outra trocam de lado.
Mas alem dos personagens físicos, o Inverno é outro personagem importante do livro. Numa terra onde as estações duram anos - ou até uma vida inteira - a aproximação do Inverno causa insegurança e medo, e talvez a guerra dos tronos seja o menor dos problemas quando ele chegar.
Ao longo dos anos a série conquistou tantos fãs e prêmios que em 2011 virou uma série da HBO. Game of Thrones já tem 2 temporadas completas e está confirmada até a 4ª temporada, servindo como um ótimo complemento para os livros com cenas adicionais e aprofundamento em personagens secundários.
Em 2010 a Editora Leya começou a trazer a série ao Brasil, mas a adaptação não foi perfeita. O primeiro livro contem erros bobos de revisão e até palavras em português de Portugal! Felizmente do segundo livro pra frente os erros se tornaram bem mais raros. Mesmo assim A Guerra dos Tronos é recomendadíssimo para quem gosta de romances históricos e histórias adultas e densas... eu disse que era fantasia, não é? Bem, nesse primeiro livro em específico, o autor procura fugir da fantasia e colocá-la como lendas e histórias que as mães contam a seus filhos, mas ao longo dos cinco livros lançados até agora vão aparecendo alguns elementos fantásticos. Eu, que adoro História e romances históricos, encarei o primeiro livro como um romance histórico sobre um mundo que não é o nosso, em especial pelos eventos ao decorrer da trama que bem poderiam constar nos livros de História dos Sete Reinos.
Em 2010 a Editora Leya começou a trazer a série ao Brasil, mas a adaptação não foi perfeita. O primeiro livro contem erros bobos de revisão e até palavras em português de Portugal! Felizmente do segundo livro pra frente os erros se tornaram bem mais raros. Mesmo assim A Guerra dos Tronos é recomendadíssimo para quem gosta de romances históricos e histórias adultas e densas... eu disse que era fantasia, não é? Bem, nesse primeiro livro em específico, o autor procura fugir da fantasia e colocá-la como lendas e histórias que as mães contam a seus filhos, mas ao longo dos cinco livros lançados até agora vão aparecendo alguns elementos fantásticos. Eu, que adoro História e romances históricos, encarei o primeiro livro como um romance histórico sobre um mundo que não é o nosso, em especial pelos eventos ao decorrer da trama que bem poderiam constar nos livros de História dos Sete Reinos.
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