Lembro−me
de chegar da escola e jogar a mochila em qualquer lugar. Invariavelmente eu
estava faminto, mas o almoço ainda não estava pronto. Então eu pegava uma
bolacha de sal com queijo que era tão deliciosa quanto barata (na época custava
R$0,50 hoje em dia R$0,75) me jogar no sofá e assistir um desenho cujo nome me
esqueci, mas se tratava de bombeiros e membros da marinha salvando vidas. Era
incrivelmente bom.
Nunca vou me esquecer daquela sensação de paz. De que a vida
é bem simples e boa. Eu era feliz, e sabia! Lembro−me claramente de pensar “não deve existir nada na
vida melhor do que isso” e eu estava certo, até hoje não encontrei nada melhor
do que aquilo.
Lembro de uma rede que ficou estendida no quintal de casa, eu
passava a tarde inteira nela, a maior parte do tempo lendo Harry Potter.
Lia umas cinco páginas, depois descansava o livro no peito
para refletir sobre o que havia lido, ou apenas para olhar pro céu e curtir o
momento, sem pensar em nada. E por vezes até tirar um cochilo. O meu estado de
relaxamento era tão grande que, quando eu me levantava da rede, nunca conseguia
dizer ao certo quantas horas passei lendo e quantas horas passei dormindo.
Lembro de jogar BeyBlade com os primos. Pegávamos uma bacia
escondidos da minha mãe e jogávamos nossos peões de forma que eles colidissem
várias vezes soltando faíscas até a hora em que quebrassem. Nem ficávamos
bravos quando isso acontecia.
Lembro, acima de tudo, é que não importava como era o meu
dia na escola. Não importava se eu levava bronca do professor, se aquela
menininha não olhava para mim ou se a aula foi pesada. Eu ficava extremamente
feliz com a minha vida se eu chegasse em casa e percebesse que a minha mãe
estava fazendo BATATA FRITA para o almoço.
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