Roberto Saviano tem uma biografia singular. Nascido e crescido em Nápoles, umas das cidades mais violentas da Itália por conta da intensa atividade mafiosa, Saviano tornou-se jornalista e decidiu, em 2006, reunir experiências pessoais e investigações da Justiça italiana num livro chocante e fascinante: Gomorra. Hoje, graças à sua obra, Saviano vive sob escolta policial permanente, mudando constantemente de endereço e trabalhando de colaborador remoto para diversos jornais e portais de notícias italianos.
Gomorra analisa os negócios e o modus operandi da Camorra, a Máfia Napolitana. Indo desde negócios obviamente ilícitos como tráfico de drogas e armas a esquemas sofisticados de contrabando de roupas de grife e produtos chineses - sem deixar de fora, é claro, as guerras -, o livro é uma mistura dos gêneros jornalístico e autobiografia. Tendo o escritor vivido muitos anos em Nápoles e arredores, Gomorra tem uma carga riquíssima de experiências pessoais que ajuda a entender como o crime organizado afeta a vida de umas das regiões mais pobres do sul da Itália.
O livro quebra todo o romantismo da Máfia clássica de Don Corleone mostrando a Camorra como um conglomerado de empresas, um amontoado de cartéis dos mais variados ramos, e não mais como um conjunto de famílias com um punhado de negócios. Não existe espaço para reuniões a luz de velas, jantares familiares onde não se fala de negócios, nem códigos de honra. Tal qual qualquer mercado a Máfia se auto-regula, se adapta, se torna mais ou menos selvagem conforme a necessidade de expandir os negócios e aumentar os lucros.
Gomorra rendeu ainda um filme homônimo em 2008, vencedor do Cannes no mesmo ano e representante italiano no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2009. O filme conta três histórias em paralelo se valendo de histórias reais contadas no livro e dá uma vaga ideia de toda a violência e miséria gerada pela Camorra. Mas isso já é outra história...
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirNós somos blogs parceiros e desculpe por sumir e ficar sem comentar, mas estou de volta!
Nunca tinha ouvido falar desse livro ou filme, mas parece de fato fascinante, gosto de histórias que retratam a criminalidade, a guerra, me chama a atenção e definitivamente, a prende. Como parece o caso, principalmente quando se passa em ambiente italiano.
Eu acho bacana encontrar alguém com coragem pra escrever sobre a máfia, criticando-a, entre outras coisas.
Parabéns pelo blog, xoxo
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