A vida está dura? Sai do armário!
Não posso dizer que eu seja exatamente um profundo conhecedor do cinema francês. Os filmes aos quais eu assisti da terra onde, afinal, o cinema foi inventado, podem ser contados nos dedos das mãos… do Lula. De qualquer forma, de uma coisa eu posso me orgulhar: tive uma amostragem bastante boa. De um modo geral assisti a boas comédias – e estão aí Jean Dujardin e Charlotte Ginsbourg que não me deixam mentir. Do limitado universo ao qual tive acesso, posso dizer duas coisas: os franceses são excelente quando o assunto é fazer rir.
O Closet (bizarro nome brasileiro para o original Le Placard, literalmente, “o armário”) de 2001 é uma comédia, e uma ótima comédia. O filme, de nome sugestivo, aborda por um enfoque fora do padrão, mas bastante sensível, a questão da homossexualidade. O tema não é novidade para o diretor Francis Verber, que o visitou por três vezes na mesma história: como roteirista de A Gaiola das loucas (1996), da versão original francesa, Le cage aux folles (1978) e de sua continuação, Le cage aux folles II (1980). Em Le Placard, contudo, abandona o alegre e festivo ambiente para uma contextualização mais palatável num mundo empresarial.
Na história, François Pignon (Daniel Auteuil) é um sujeito sem graça. Isento de atrativos, é ignorado e desprezado. Em dado momento, François resume sua vida num sonho que lhe é recorrente: ele acaba de nascer e lá está o médico ainda a lhe procurar dentro da mãe. François já está do lado de fora e ninguém repara. Insignificante. Isso resume sua vida.
Tanta insignificância rende o boato de que François será demitido da fábrica de camisinhas onde trabalha e, claro, ele é o último a saber. Desiludido com o mundo, tenta se suicidar, mas nem aí obtém sucesso, pois seu novo vizinho, uma espécie de Max Geringer francês, o impede. Porém, não de graça, pois oferece a solução ao problema de François: sair do armário.
Na história, François Pignon (Daniel Auteuil) é um sujeito sem graça. Isento de atrativos, é ignorado e desprezado. Em dado momento, François resume sua vida num sonho que lhe é recorrente: ele acaba de nascer e lá está o médico ainda a lhe procurar dentro da mãe. François já está do lado de fora e ninguém repara. Insignificante. Isso resume sua vida.
Tanta insignificância rende o boato de que François será demitido da fábrica de camisinhas onde trabalha e, claro, ele é o último a saber. Desiludido com o mundo, tenta se suicidar, mas nem aí obtém sucesso, pois seu novo vizinho, uma espécie de Max Geringer francês, o impede. Porém, não de graça, pois oferece a solução ao problema de François: sair do armário.
E aí que se inicia a trama. Espalhada a história da homossexualidade de François, a empresa percebe que não pode demiti-lo sob o risco do escrutínio público e da taxação homofóbica. O fato do protagonista não ser gay é um mero detalhe; interessante é observar as reações e situações que o fato provoca. E o vislumbre de que o pensamento preconceituoso e machista ainda impera, intrinsecamente em homens – e também mulheres – é o grande trunfo do diretor. Uma especial atenção à engraçada participação de Gerárd Depardieu como o machão confuso Félix.
Le Placard não aborda a homossexualidade com o tom pastelão que se costuma ver nas comédias, tampouco com o senso extremamente sério e carregado dos dramas. Ele consegue casar bem o tema com boas situações cômicas, sem perder o tom leve e as reflexões que provoca não deixam de ser pertinentes. Mas nada de cinema cabeça: o armário aqui guarda mesmo é uma boa diversão. Recomendado.
0 COMENTÁRIOS