Hoje, 21 de dezembro de 2012, pode acontecer o fim do mundo, e já que a Terra está fechando pra balanço o Reduto Brainstorm quer acabar em grande estilo.
Como sexta-feira aqui é dia de cinema escolhemos um clássico, não, O CLÁSSICO para desejar um bom fim do mundo a todos. Pegue seu canolli e seu azeite de oliva, vista seu terno risca-de-giz e ponha seu chapéu dos anos 30, porque hoje vamos falar de O Poderoso Chefão.
A obra-prima de Francis Ford Coppola (Apocalypse Now e Drácula de Bram Stoker) foi lançada em 1972 e chegou com os dois pés na porta. O filme ganhou onze indicações ao Oscar e levou três; Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator (Marlon Brando) e Melhor Filme, sendo que na categoria Melhor Ator Coadjuvante teve três indicados, Al Pacino, James Caan e Robert Duvall. O filme se passa em 1945 em Nova York, e é baseado no livro homônimo de Mario Puzo. Nele, acompanhamos o início do envolvimento da máfia italiana com o tráfico de drogas, tendo como protagonista a família Corleone e seu líder, Vito Corleone (Marlon Brando). Este, se recusando a aceitar os novos negócios, sofre um atentado que inicia uma guerra entre as cinco famílias de Nova York, obrigando seus filhos a assumir os negócios e remediar a situação.
São quase três horas de cenas e diálogos marcantes. Depois de tantos anos ouvindo falar do filme, tive a sensação de finalmente entender as referências feitas a ele, fossem frases, cenas ou até gestos usados em filmes, séries e desenhos animados (existe um episódio inteiro de Os Simpsons dedicado a O Poderoso Chefão). A fotografia marcante junto à filosofia de honra e valores familiares ajudam a romantizar a máfia, e causa uma empatia com pessoas que normalmente seriam vistas apenas como criminosos. Outro fato que ajuda a torcer pelos mocinhos é a violência comedida, tanto no aspecto gráfico quanto no uso. Me perdoe se você já viu o filme e o achou violento, mas eu estou acostumado aos filmes de máfia do Scorsese, por isso achei O Poderoso Chefão levíssimo. Mesmo Sonny Corleone, o pavio curto do grupo, é bem menos violento e impulsivo que Tony de Os Bons Companheiros.
Os personagens são outro ponto forte do filme. Tem pra todos os gostos, desde Santino "Sonny" Corleone (James Caan), filho de Vito e considerado o mais explosivo da família até seu irmão Michael (Al Pacino), um herói de guerra sóbrio e respeitável, que não deseja em hipótese alguma se envolver com os negócios da família. A transformação de Michael, inclusive, mostra todo o talento do ator e a riqueza do personagem. Entre os coadjuvantes meus preferidos estão o consigliere Tom Hagen e o capo Clemenza.
O filme, aliás, é ótimo para se entender a hierarquia da máfia. No topo temos o Chefe ou Don (Vito Corleone, Emilio Barzini e Philip Tattaglia), que comanda uma Família - que hoje em dia não é mais uma família de sangue, mas é assim tratada no filme por ser mais simples e romântico. Abaixo temos o Sub-chefe ou Soto Capo (Sonny e Bruno Tattaglia), o segundo na linha de sucessão e que muitas vezes resolve impasses dentro da Família sem precisar reportá-los ou Don. Então começa o "corpo" da Família, formado por Capos e Soldados. Os Capos (Peter Clemenza, "Sal" Tessio e Virgil "O Turco" Sollozzo) são os capitães da Família, eles tem um punhado de soldados sob seu comando e podem cuidar tanto de um território (ruas, bairros e vilas) quanto de negócios específicos (agiotagem, cassinos, drogas, prostituição, proteção etc) e sua importância pode variar. Finalmente os Soldados (Luca Brasi e Paulie Gatto) são a base da pirâmide, aqueles que executam o trabalho, seja uma simples vigília à casa de um protegido até emboscadas eameaças ofertas irrecusáveis.
Existem ainda duas classes especiais que prestam serviços aos mafiosos sem serem iniciados na Família. O Consigliere (Tom Hagen) é o conselheiro do Don, um sujeito frio e racional, que estuda as possibilidades de resolução de um conflito. No filme é nítido o conflito entre Sonny e Tom, um ser extremamente passional e impulsivo contra outro passivo e analítico. Os Associados são aqueles que ocupam cargos públicos ou posições influentes na sociedade, e usam isso para acorbertar as atividades criminosas da Família, ou se aproveitar de seu poder. Dois excelentes exemplos são o Capitão McCluskey - um capitão da polícia de Nova York que colabora com a família Tattaglia - eFrank Sinatra Johny Fontane - um ator e cantor que usa as ofertas irrecusáveis de Corleone para alavancar sua carreira.
O Poderoso Chefão é um filme muito equilibrado. A história se concentra na guerra entre as famílias, mas prioriza a influência política e diplomacia, deixando a ação um pouco de lado. Isso é uma conclusão óbvia: não é preciso matar uma família mafiosa inteira junto de seus associados, basta acertar o líder e seus aliados mais influentes. Isso gera um jogo de poder mais eletrizante que qualquer perseguição policial que eu já tenha visto. Mas não pense que O Poderoso Chefão é parado; o filme tem um ritmo diferente, é verdade - tanto pela linguagem cinematográfica da época quanto pela duração -, mas ele desliza muito bem entre diálogos e cenas de ação bem pontuadas, que marcam as viradas de roteiro.
Outro fator que mostra isso é a trilha sonora. O filme mantem um silêncio tumular nas cenas de diálogos importantes, uma música tensa nas cenas de ação e a tão famosa música-tema nas cenas panorâmicas, principalmente as passadas na Sicília. Isso evidencia o cuidado do diretor com o espírito de cada cena e com o universo gerado pelo filme. Afinal, que tema melhor para uma família italiana que uma canção italiana feita por italianos (Ennio Morricone e Nino Rota)?
O Poderoso Chefão rendeu uma continuação em 1974 e tornou-se uma trilogia em 1990, acompanhando a história da família Corleone até a década de 1980. Mas isso já é outra história....
São quase três horas de cenas e diálogos marcantes. Depois de tantos anos ouvindo falar do filme, tive a sensação de finalmente entender as referências feitas a ele, fossem frases, cenas ou até gestos usados em filmes, séries e desenhos animados (existe um episódio inteiro de Os Simpsons dedicado a O Poderoso Chefão). A fotografia marcante junto à filosofia de honra e valores familiares ajudam a romantizar a máfia, e causa uma empatia com pessoas que normalmente seriam vistas apenas como criminosos. Outro fato que ajuda a torcer pelos mocinhos é a violência comedida, tanto no aspecto gráfico quanto no uso. Me perdoe se você já viu o filme e o achou violento, mas eu estou acostumado aos filmes de máfia do Scorsese, por isso achei O Poderoso Chefão levíssimo. Mesmo Sonny Corleone, o pavio curto do grupo, é bem menos violento e impulsivo que Tony de Os Bons Companheiros.
Os personagens são outro ponto forte do filme. Tem pra todos os gostos, desde Santino "Sonny" Corleone (James Caan), filho de Vito e considerado o mais explosivo da família até seu irmão Michael (Al Pacino), um herói de guerra sóbrio e respeitável, que não deseja em hipótese alguma se envolver com os negócios da família. A transformação de Michael, inclusive, mostra todo o talento do ator e a riqueza do personagem. Entre os coadjuvantes meus preferidos estão o consigliere Tom Hagen e o capo Clemenza.
O filme, aliás, é ótimo para se entender a hierarquia da máfia. No topo temos o Chefe ou Don (Vito Corleone, Emilio Barzini e Philip Tattaglia), que comanda uma Família - que hoje em dia não é mais uma família de sangue, mas é assim tratada no filme por ser mais simples e romântico. Abaixo temos o Sub-chefe ou Soto Capo (Sonny e Bruno Tattaglia), o segundo na linha de sucessão e que muitas vezes resolve impasses dentro da Família sem precisar reportá-los ou Don. Então começa o "corpo" da Família, formado por Capos e Soldados. Os Capos (Peter Clemenza, "Sal" Tessio e Virgil "O Turco" Sollozzo) são os capitães da Família, eles tem um punhado de soldados sob seu comando e podem cuidar tanto de um território (ruas, bairros e vilas) quanto de negócios específicos (agiotagem, cassinos, drogas, prostituição, proteção etc) e sua importância pode variar. Finalmente os Soldados (Luca Brasi e Paulie Gatto) são a base da pirâmide, aqueles que executam o trabalho, seja uma simples vigília à casa de um protegido até emboscadas e
Existem ainda duas classes especiais que prestam serviços aos mafiosos sem serem iniciados na Família. O Consigliere (Tom Hagen) é o conselheiro do Don, um sujeito frio e racional, que estuda as possibilidades de resolução de um conflito. No filme é nítido o conflito entre Sonny e Tom, um ser extremamente passional e impulsivo contra outro passivo e analítico. Os Associados são aqueles que ocupam cargos públicos ou posições influentes na sociedade, e usam isso para acorbertar as atividades criminosas da Família, ou se aproveitar de seu poder. Dois excelentes exemplos são o Capitão McCluskey - um capitão da polícia de Nova York que colabora com a família Tattaglia - e
O Poderoso Chefão é um filme muito equilibrado. A história se concentra na guerra entre as famílias, mas prioriza a influência política e diplomacia, deixando a ação um pouco de lado. Isso é uma conclusão óbvia: não é preciso matar uma família mafiosa inteira junto de seus associados, basta acertar o líder e seus aliados mais influentes. Isso gera um jogo de poder mais eletrizante que qualquer perseguição policial que eu já tenha visto. Mas não pense que O Poderoso Chefão é parado; o filme tem um ritmo diferente, é verdade - tanto pela linguagem cinematográfica da época quanto pela duração -, mas ele desliza muito bem entre diálogos e cenas de ação bem pontuadas, que marcam as viradas de roteiro.
Outro fator que mostra isso é a trilha sonora. O filme mantem um silêncio tumular nas cenas de diálogos importantes, uma música tensa nas cenas de ação e a tão famosa música-tema nas cenas panorâmicas, principalmente as passadas na Sicília. Isso evidencia o cuidado do diretor com o espírito de cada cena e com o universo gerado pelo filme. Afinal, que tema melhor para uma família italiana que uma canção italiana feita por italianos (Ennio Morricone e Nino Rota)?
O Poderoso Chefão rendeu uma continuação em 1974 e tornou-se uma trilogia em 1990, acompanhando a história da família Corleone até a década de 1980. Mas isso já é outra história....
Poucos filmes tiveram a capacidade de definir um genero...
ResponderExcluirPara o sub-genero máfia existe um "Antes de Godfather" e um "Depois de Godfather". Clássico absoluto!
Concordo inteiramente!
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