terça-feira, 25 de setembro de 2012

Conto - Memórias Proibidas

Certa vez um amigo meu, homem de letras e cético, me contou uma história de sua infância que gostaria de dividir com meus iguais. Quando tinha oito anos, ele e seus pais se mudaram para o interior, para uma casa deixada de herança à família pelo avô paterno, falecido há poucos meses. Eram tempos difíceis e seu pai resolveu vender a casa na capital e arranjar um emprego na pequena cidade, pois o custo de vida era mais baixo. Seu avô havia sido um homem de negócios, mas acabou perdendo seus bens e morreu sozinho, abandonado pelos filhos, o que devia tê-lo deixado muito triste.

A casa era ampla e confortável, mas estava velha e precisava de uma reforma, que seu pai prometeu durante anos. Moraram lá durante três anos, e nesse meio tempo aconteceram eventos estranhos. A casa era extremamente fria, havia sempre uma brisa fria soprando vez ou outra no verão, e um frio lancinante durante o inverno, muito aquém do que se sentia na vizinhança. O garoto vivia doente e tinha pesadelos quase toda noite, e sua mãe teve um princípio de depressão quando seu tão esperado irmãozinho revelou-se um natimorto. Finalmente seu pai recebeu uma proposta de emprego em outra cidade e decidiram se mudar.

Seu avô possuía uma modesta biblioteca num dos cômodos da casa, e como seus pais não eram afeitos à leitura decidiram doá-la à biblioteca municipal, mas deram ao garoto a chance de levar seus livros favoritos. Eis que, segundo esse meu amigo, ao vasculhar as prateleiras em busca de algum livro que ainda não tivesse lido, ele encontrou um diário de seu avô. O livro revelava que seu avô havia sido membro de uma sociedade secreta chamada Irmandade de Gomorra, e ao ser expulso fora vítima de uma maldição. Tudo que havia conquistado pela Irmandade lhe seria retirado, e ele não teria prosperidade e morreria colhendo o que plantou, repensando a traição contra seus irmãos. No fim de seus dias, seu avô parecia conformado e ainda agradecia à Irmandade por tê-lo deixado vivo, para repensar seus atos, um privilégio concedido somente aos irmãos de alto posto.

Por fim, a vida melhorou quando eles se mudaram e hoje ele, seu irmão e seus pais, tem uma vida próspera e feliz, mas meu amigo nunca se esqueceu da casa e do diário do avô. Quando perguntei se seria possível visitar a casa, e quiçá até ler o diário, ele me pareceu consternado e me deu o endereço muito a contra-gosto. Ainda hoje não tive oportunidade de verificar a história, mas é provável que o diário nem exista mais e a casa tenha sido demolida. Mesmo assim acredito que seja verdadeira, como tantas outras que ouvi e verifiquei, e ainda hoje creio que a tal Irmandade de Gomorra não se trata de uma lenda urbana.


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