<h1>Nascido Para Matar</h1>

Em 2012, o clássico Nascido Para Matar completa 25 anos. Dirigido por Stanley Kubrick, este filme é na verdade um filme anti-guerra. Nele, vemos a ironização do treinamento militar e os traumas que a guerra imprime na mente dos soldados.

O filme se divide claramente em duas partes: a primeira, o treinamento, e a segunda o combate na Guerra do Vietnã. Na primeira parte Kubrick procura ridicularizar o treinamento dos soldados americanos e toda aquela história de “defenda seu país, mate os comunistas”. A personificação disso tudo é o Sargento Hartman, o estereótipo do militar durão, só que um pouco... hmm, como direi... escrachado.

Sou o Sargento Hartman, por eu ser durão, não vão gostar de mim. (...) Sou duro, mas sou justo, não desprezo crioulos, judeus, carcamanos ou cucarachas, aqui são todos igualmente inúteis.

Vemos o treinamento dos marines através dos olhos do Recruta Gaiato (Joker no original, mas na versão dublada fica muito melhor), um jovem que encara tudo com sarcasmo e desdém, embora trema na base perto do Sargento Hartman. Com certeza vem daqui a inspiração para o soldado Swoff, de Soldado Anônimo (sim, eu sei que os dois filmes são baseados em livros autobiográficos, mas provavelmente eles são exagerados). Sem dúvida, essa é a melhor parte do filme. Se você gosta de filme de guerra, veja ele inteiro; se não gosta e quer dar boas risadas, veja os primeiros cinqüenta minutos de Nascido Para Matar.

Sgt Hartman: Esse é o meu rifle, essa é minha arma.

Soldados: é pra luta, é pra diversão.

Diga-se de passagem, o Sargento Hartman é interpretado por um militar de verdade. R. Lee Ermey era sargento dos Marine Corps e fazia parte da consultoria militar do filme, até que revelou seu desejo de atuar e mandou para Kubrick uma fita sua xingando um soldado ininterruptamente por 15 minutos!!! Então podemos supor que os xingamentos usados no filme são realmente usados no Exército Americano.

[Sgt Hartman] Soldado, você chupa pinto?
[Soldado Cowboy] Não, senhor!
[Sgt Hartman] Você é um boqueteiro?
[Soldado Cowboy] Não, senhor!
[Sgt Hartman] Aposto que você é do tipo que come o rabo de alguém e não tem a decência de oferecer o próprio!

A guerra se mostra ainda mais cruel que o treinamento. Gaiato é repórter do Exército, mas tem que entrar em combate no auge da guerra — a Ofensiva Tet, quando os vietcongs fizeram ataques em todo o país durante o cessar fogo do feriado de Tet. O momento mais dramático do filme é perto do final, quando os soldados tentam decidir se matam ou não uma guerrilheira vietnamita.

Por fim, o broche da paz no capacete de Gaiato revela a mensagem do filme: por mais duro que seja o treinamento para se tornar um assassino, o ser humano é pacífico por natureza.