Pois é, se aproxima mais um
feriado. Você está feliz da vida que vai poder enfiar o pé na jaca de sexta a
domingo e voltar ao trabalho só na terça-feira. Mas você sabe por que 9 de
julho é feriado?
Recebi essa imagem no Facebook e
me dei conta de que não sabia do que se tratava esta data. Eu sabia apenas o
“nome” do feriado — Revolução Constitucionalista de 1932 — e as pessoas que
questionei nem isso sabiam. Então me senti no dever cívico e patriota de
descobrir o que era a famigerada Revolução de 1932.
Da
República Velha à Era Vargas
Na década de 1920 o Brasil se
encontrava numa República Oligárquica, também conhecida como Política do
café-com-leite. Era basicamente o mesmo que hoje, um governo federal liderado
por um presidente e governos estaduais, dos governadores — que na época tinham
um poder muito maior. Mas com um grande diferencial; o posto de presidente do
Brasil era revesado por paulistas e mineiros. Isso se deu por São Paulo e Minas
Gerais serem os estados mais ricos do país e as oligarquias produtoras de café
(São Paulo) e leite (Minas Gerais) terem conseguido muita influência política
(lembrando que quem votava no Brasil naquela época eram basicamente os ricos).
O problema foi que, em 1930, o
então presidente e paulista Washington Luís decidiu apoiar Júlio Prestes, outro
paulista, como seu sucessor. Os políticos mineiros se sentiram traídos e lançaram
Getúlio Vargas como candidato. Quando Prestes ganhou a eleição, Getúlio e seus
aliados o acusaram de fraude e, antes que tomasse posse, deram um golpe de
Estado e depuseram Washington Luís. Tinha início a Era Vargas.
O
Governo Provisório
Vargas na verdade não foi eleito presidente; ele foi eleito Chefe do Governo Provisório, um governo que prometia ser a transição entre uma Constituição e outra. Mas, por acaso, a Nova Constituição do Brasil estava demorando a sair, e enquanto isso Vargas baixava decretos absurdos, como a dissolução das câmaras municipais e do Congresso Nacional, e a imunidade dos agentes do Governo a qualquer lei estadual. Do dia para a noite, o Governo Federal que pouco interferia nos estados passou a ter um poder enorme sobre eles, aprovando e cancelando leis a seu bel prazer. A insatisfação no país foi crescendo, principalmente em São Paulo, outrora influente na política nacional. Até que chegou 1932.
A
Revolução Constitucionalista
Em 1932 os partidos políticos e
movimentos estudantis de São Paulo organizaram vários comícios contra a
ditadura de Getúlio Vargas. O ápice do movimento foi em 23 de maio, quando a
multidão se dirigiu para a Praça da República e tentou invadir o prédio do
Partido Popular Paulista (ocupado pelos federais). Na confusão morreram quatro
jovens: Euclides Miragaia, Mário Martins, Dráusio Souza e Antônio Camargo. Esses
jovens hoje são mártires da Revolução, e inspiraram a criação do MMDC, um
movimento armado que instigou a Revolução.
Até que no
dia 9 de Julho de 1932, São Paulo declarou guerra ao Governo Federal, exigindo,
principalmente, uma nova Constituição. Alem do MMDC, aderiram à Revolução os
partidos políticos, o Exército e a Polícia Militar do estado de São Paulo. Foi
uma mobilização popular como nunca se viu; o Exército recebeu 20.000
voluntários, as fábricas se engajaram no esforço de guerra, até as mulheres,
que na época não trabalhavam, foram empregadas para confeccionar uniformes.
A Guerra
A Guerra
Getúlio era um político habilidoso; através
da propaganda no rádio e jornais, convenceu o país de que São Paulo tinha
iniciado um movimento separatista. Investindo pesado na demonização dos
inimigos — estratégia típica dos ditadores — conseguiu o apoio integral do
Exército do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, alem de um grande contingente de
voluntários do Nordeste. São Paulo, se vendo cercado, recebeu apenas um pequeno
contingente do Mato Grosso. A superioridade de Getúlio era visível: mesmo sem o
apoio de todo o Exército e Marinha, as tropas federais totalizavam 100.000
homens contra 30.000 paulistas e mato-grossenses — alem da farta munição,
navios e aviões de guerra.
Os paulistas conseguiram manter suas
fronteiras até o dia 12 de setembro, quando tropas federais conquistaram a
fronteira de Minas e São Paulo, chegando à capital no dia 2 de outubro.
A Vitória
Embora tenham sido derrotados no campo militar,
os paulistas venceram no campo político. Em 1933 foi instituída uma nova
Assembleia Constituinte, e em 1934 uma nova Constituição, garantindo ao povo
brasileiro o direito ao voto e à democracia, e também a Justiça Federal, para
fiscalizar as eleições. As câmaras municipais foram reabertas e as mulheres
ganharam o direito ao voto.
Infelizmente esse episódio, tão importante e
simbólico para a história do Brasil, não é ensinado nas escolas. Acabamos crescendo
com a ideia de que o brasileiro é um povo frouxo, que só liga pra futebol e
carnaval. Eu acredito que o que nos falta é incentivo, é orgulho da nossa
história e da nossa coragem. Se você também acredita nisso, divulgue esse post,
mostre que nós temos sim uma história de lutas e vitórias.
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