Decidi escrever esse conto sobre uma história que gosto muito, conhecida no Brasil como As Crônicas de Gelo e Fogo — e pelos que acompanham séries como Game Of Thrones. pra quem não conhece, é uma série de romances de fantasia medieval, cercada por sentimentos como honra, cobiça, inveja, bravura, ódio... mas, de um jeito pouco óbvio, eu diria, esse texto fala mais sobre promessas, culpa e amor. Então, retornemos aos tempos em que nobres lutavam por suas donzelas e bardos faziam belas canções sobre amores impossíveis e damas inalcançáveis.
Ah... já ia quase me esquecendo. Se você acompanha os livros ou a série, há um spoiler perigosíssimo no meu texto. Um spoiler não, um grande segredo da história.
Adentraram a cripta, o nobre e honrado Ned Stark e seu rei, Robert Baratheon. As estátuas por sobre as tumbas pareciam dançar ao ritmo da chama da lamparina. O ar frio do Norte era ainda mais impiedoso no subterrâneo do castelo; tudo era gelo onde os mortos repousavam.
—
Aqui. — disse ele ao rei.
Robert
acenou em silêncio. À sua frente, ao lado do pai e do irmão, estava Lyanna
Stark. Lyanna tinha apenas dezesseis anos, uma menina-mulher de inigualável
encanto. Ned amara-a de todo o coração. Robert amara-a ainda mais. Ela estava
destinada a ser sua noiva.
—
Era mais bela que isto. — disse o rei após um silêncio. Seus olhos demoravam-se
no rosto de Lyanna, como se pudesse trazê-la de volta à vida por um esforço de
vontade. — Ah, maldição, Ned, tinha de enterrá-la num lugar como este? — disse
o rei, com a voz enrouquecida de desgosto.
—
Ela era uma Stark. Este é seu lugar.
Ned
estava com a irmã quando morreu, e por vezes conseguia ouvi-la. Prometa-me, suplicara, prometa-me, Ned. A febre levara-lhe as
forças e a voz era tênue como um suspiro, mas quando ele lhe dera sua palavra,
o medo saíra de seus olhos. Ned recordava o modo como então sorrira, as pétalas
de rosa que se derramaram de sua mão, agora mortas e negras.
—
Jurei matar Rhaegar pelo que lhe fez.
—
E foi o que Vossa Graça fez.
—
Só uma vez. — disse Robert amargamente. — Nos meus sonhos eu o mato todas as
noites.
As
lembranças de Robert o atormentavam em sonho, assim como a Ned. Também sonhara
mil vezes com o príncipe Rhaegar Targaryen. Sonhava com o Torneio de Harrenhal,
onde o campeão Rhaegar fez o cavalo passar por sua esposa, a princesa Elia, e
depositou a coroa da rainha da beleza no colo de Lyanna. Ainda conseguia vê-la:
uma coroa de rosas de inverno, azuis como a geada. Prometa-me, Ned, dizia a irmã em sua cama de sangue, naquele quarto
cheirando a rosas de inverno.

—
Vamos, Robert, —disse, enfim, ao rei, saindo de seu transe de culpa. — todos
lhe esperam no salão e não é prudente que fique aqui embaixo. São tempos
difíceis e o inverno está chegando.
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