terça-feira, 19 de junho de 2012

Prometa-me

Decidi escrever esse conto sobre uma história que gosto muito, conhecida no Brasil como As Crônicas de Gelo e Fogo e pelos que acompanham séries como Game Of Thrones. pra quem não conhece, é uma série de romances de fantasia medieval, cercada por sentimentos como honra, cobiça, inveja, bravura, ódio... mas, de um jeito pouco óbvio, eu diria, esse texto fala mais sobre promessas, culpa e amor. Então, retornemos aos tempos em que nobres lutavam por suas donzelas e bardos faziam belas canções sobre amores impossíveis e damas inalcançáveis.

Ah... já ia quase me esquecendo. Se você acompanha os livros ou a série, há um spoiler perigosíssimo no meu texto. Um spoiler não, um grande segredo da história.







Adentraram a cripta, o nobre e honrado Ned Stark e seu rei, Robert Baratheon. As estátuas por sobre as tumbas pareciam dançar ao ritmo da chama da lamparina. O ar frio do Norte era ainda mais impiedoso no subterrâneo do castelo; tudo era gelo onde os mortos repousavam.

— Aqui. — disse ele ao rei.


Robert acenou em silêncio. À sua frente, ao lado do pai e do irmão, estava Lyanna Stark. Lyanna tinha apenas dezesseis anos, uma menina-mulher de inigualável encanto. Ned amara-a de todo o coração. Robert amara-a ainda mais. Ela estava destinada a ser sua noiva.


— Era mais bela que isto. — disse o rei após um silêncio. Seus olhos demoravam-se no rosto de Lyanna, como se pudesse trazê-la de volta à vida por um esforço de vontade. — Ah, maldição, Ned, tinha de enterrá-la num lugar como este? — disse o rei, com a voz enrouquecida de desgosto.

— Ela era uma Stark. Este é seu lugar.

Ned estava com a irmã quando morreu, e por vezes conseguia ouvi-la. Prometa-me, suplicara, prometa-me, Ned. A febre levara-lhe as forças e a voz era tênue como um suspiro, mas quando ele lhe dera sua palavra, o medo saíra de seus olhos. Ned recordava o modo como então sorrira, as pétalas de rosa que se derramaram de sua mão, agora mortas e negras.

— Jurei matar Rhaegar pelo que lhe fez.
— E foi o que Vossa Graça fez.
— Só uma vez. — disse Robert amargamente. — Nos meus sonhos eu o mato todas as noites.

As lembranças de Robert o atormentavam em sonho, assim como a Ned. Também sonhara mil vezes com o príncipe Rhaegar Targaryen. Sonhava com o Torneio de Harrenhal, onde o campeão Rhaegar fez o cavalo passar por sua esposa, a princesa Elia, e depositou a coroa da rainha da beleza no colo de Lyanna. Ainda conseguia vê-la: uma coroa de rosas de inverno, azuis como a geada. Prometa-me, Ned, dizia a irmã em sua cama de sangue, naquele quarto cheirando a rosas de inverno.
Todas as noites, ao acordar do pesadelo, Ned pensava no sofrimento da irmã e na surpresa que tivera. Enquanto Robert enfrentava Rhaegar em batalha, Ned correra ao encalço de Lyanna, seqüestrada e aprisionada numa torre amaldiçoada. Quando foi o único a sobreviver à batalha, subiu a torre e encontrou-a chorando, e sangrando. Em suas mãos, sobre a cama e por todo o quarto, pétalas de rosas de inverno. Perdoe-me, disse Lyanna ao ver o irmão. E depois de tantos anos, Ned manteve sua promessa, a custo de sua honra. Voltara da guerra com um novo rei e um filho ilegítimo, e mentia para os dois, por mais que isso lhe doesse.

— Vamos, Robert, —disse, enfim, ao rei, saindo de seu transe de culpa. — todos lhe esperam no salão e não é prudente que fique aqui embaixo. São tempos difíceis e o inverno está chegando.

Quem compartilhar vai ganhar um fantástico abraço!!!
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