Os Bons Companheiros é mais
uma obra-prima de Martin Scorsese. O filme, de 1990, é baseado no livro Wise Guy, do norte-americano Henry Hill
(interpretado por Ray Liotta). O filme segue Henry da adolescência até a meia
idade, mostrando como é a vida dos gângsters americanos e seu convívio nem
sempre pacífico com a Máfia.
E esse é o diferencial do filme. Ao contrário de O Poderoso Chefão,
que mostra uma Máfia romantizada e cercada por honra e valores familiares, Os
Bons Companheiros mostra uma vida de crimes, brigas, assassinatos, e traição
conjugal.
Henry é um rapaz pobre do subúrbio de Nova York que sonha em virar gângster.
Por ser meio irlandês ele não poderia entrar na Máfia, mas poderia prestar
serviços como Associado.
Para mim, ser gângster
era melhor que ser presidente dos EUA. (...). Para mim significava ser alguém
num bairro de Zé-ninguens. Eles não eram como os outros; estacionavam no hidrante
e não eram multados, jogavam cartas a noite toda e ninguém chamava a polícia.
Ainda na adolescência Henry conquista a confiança de Paulie (Paul
Sorvino), um mafioso influente no bairro, Jimmy (Robert De Niro), o gângster
que iria iniciá-lo na vida do crime, e Tommy (Joe Pesci), um jovem aspirante a
gângster, assim como ele.
O filme acompanha a vida de Henry da década de 1950 à década de 1980,
e fala sobre tudo; a farra, os roubos, o casamento, a relação com a família, o
respeito etc. Tenho que ser justo numa coisa, como o próprio nome do filme
indica, o companheirismo e a família são valores muito presentes na vida dos
gângsters e mafiosos – pelo menos enquanto os negócios deixarem.
Sempre nos chamávamos
de bons companheiros. Dizia-se para alguém: “vai gostar dele, é um cara legal.
É um bom companheiro”.
É uma interessante experiência sociológica
(já imaginou como deve realmente ser a vida de um membro do crime organizado
americano?), mas alem da história, o ponto forte de Os Bons Companheiros é a
violência. O filme tem várias cenas épicas mostrando a realidade nua a crua do
mundo do crime, a começar pela abertura:
Tem de tudo, moleque explodindo carro em estacionamento, um cara
quebrando o nariz de outro com a coronha da arma, facada no pescoço, tiro no pé,
espancamento com pá e por aí vai. Isso, aliás, é uma das marcas do Scorsese;
não tem coreografia, não tem soco, chute ou esquiva. Se o cara puder virar uma
mesa de bilhar em cima de você pra te esmagar, ele VAI virar.
Enfim, se você gosta de violência e história de Máfia, Os Bons
Companheiros é simplesmente indispensável.
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