Existem filmes bons, que são
lembrados e têm seu valor reconhecido. Existem filmes ótimos, que ganham
prêmios e marcam uma geração. Mas existem filmes que, alem de serem ótimas
obras de entretenimento, têm uma carga tão alta de sabedoria e filosofia que
ajudam a moldar a sua filosofia de vida; Clube da Luta é um desses filmes.
Confesso que eu tinha um certo
preconceito em relação a ele; como muitos eu pensava “Clube da Luta – Brad Pitt
sem camisa batendo em todo mundo” e o descartava como mais um blockbuster vazio
que é lembrado até hoje sabe-se lá por que. Até o dia em que vi uma cena do
filme na TV.
Na próxima sessão de meditação, depois de termos aberto nossos chakras,
eu vou agarrar aquela vaca e gritar: ”Marla, sua mentirosa! Sai daqui, eu
preciso disso!”
Fiquei curioso e resolvi
ver o filme; e hoje chego à conclusão de que o verdadeiro conteúdo de Clube da
Luta é desconhecido do grande público.
O filme tem como protagonista o
Narrador (Edward Norton), um personagem sem nome feito para representar o homem
comum, mas para evitar uma estranheza desnecessária vou chamá-lo de Jack.
Jack é um homem
anestesiado. Trabalha numa companhia de automóveis como consultor de seguros,
sofre de insônia e é viciado em consumismo caseiro. Freqüenta grupos de apoio a
pessoas com as mais variadas doenças, e em meio ao sofrimento dos moribundos
encontra a vazão para as emoções e a cura de sua insônia. Até o dia em que
Marla Singer (Helena Bonham Carter) também passa a freqüentar esses grupos, o
que o incomoda profundamente.
Marla, a turista. Sua mentira refletia a minha. E de repente eu não
sentia mais nada, não podia chorar e mais uma vez, não podia dormir.
Jack faz um trato com
Marla em que eles dividem os grupos entre si, para que não pudessem mais se encontrar.
Tudo parecia estar bem até Jack conhecer Tyler Durden (Brad Pitt) numa viagem
de negócios. Tyler é a antítese de Jack, um homem ativo, espontâneo e
inconsequente.
Ao ver que seu apartamento explodiu!!! , ele liga para Tyler
para ter onde passar a noite. Em uma das cenas mais legais do filme, os dois
brigam na porta de um bar pelo simples prazer de brigar.
–– Eu quero que você me bata o mais forte
que conseguir (Tyler)
–– Por quê? (Jack)
–– Eu não sei, nunca lutei antes. E você?
–– Eu também não.Mas isso é bom.
–– Não, não é, como pode conhecer a si
mesmo? Vamos lá, eu não quero morrer sem cicatrizes.
Os dois
passam a repetir o ritual todo fim de semana, aos poucos formando um pequeno
clube na porta do bar. Até que resolvem oficializá-lo.
Durante a semana
éramos pessoas normais, mas aos sábados descobríamos algo novo. Descobríamos
que não estávamos sós. Estava na cara; Tyler e eu apenas fizemos mais visível.
Estava na ponta da língua de todos; Tyler e eu apenas demos um nome.
Assim nasceu o Clube da Luta, da necessidade de homens se sentirem
vivos numa sociedade dormente. O filme traz uma forte crítica ao consumismo, ao
capitalismo, à propaganda, e à civilização vazia que nos tornamos. Ficaria
chato eu botar aqui todas as frases legais do filme, mas uma cena personifica a
mensagem de Clube da Luta. É um discurso de Tyler;
Eu vejo no Clube da
Luta os melhores homens que já viveram. Vejo todo esse potencial...
desperdiçado! Uma geração inteira de garagistas, garçons e escravos do
colarinho branco. A propaganda nos põe pra correr atrás de carros e roupas,
trabalhamos em empregos que odiamos pra comprar coisas que não precisamos.
Somos os filhos do meio da história, uma
geração sem propósito ou lugar. Não temos uma Guerra Mundial nem uma Grande
Depressão; nossa guerra é espiritual, nossa Grande Depressão são nossas vidas.
Fomos criados para acreditar que um dia seremos milionários, estrelas do cinema
e astros do rock, mas não somos. Aos poucos tomamos consciência do fato, e
estamos muito, muito revoltados.
O auge da luta contra o consumismo é o Projeto Caos, criado por Tyler
para destruir os prédios das operadoras de cartão de crédito, mas antes de
concretizar seus planos ele e Jack sofrem um acidente de carro. Quando o Jack
acorda, descobre que Tyler desapareceu e passa a procurá-lo pelo país
inteiro... Daí pra frente, é melhor ver o filme pra saber. Clube da Luta, alem
de muita filosofia, tem um final de explodir a cabeça.
Claro que esse texto é só um aperitivo; há muitos assuntos no filme, e
cada um merece ser tratado individualmente. Marla Singer, o Projeto Caos,
niilismo, budismo, Nietzsche, auto-destruição, tudo isso se encontra em Clube
da Luta, sem dúvida nenhuma o melhor filme que vi esse ano.
Eu vi e adorei *-* entrou pra lista dos favoritos! O final realmente é inesperado, recomendo com certeza! =)
ResponderExcluirRealmente, poucas pessoas assistem esse filme e não piram! haha
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