<h1>Apresentação, Filmes em 2012 e Taxi Driver</h1>

Olá, eu sou o Tainã, e tenho 18 anos. Há muito tempo atrás, numa galáxia muito muito distante, o Felipe já era aspirante a blogueiro e nós sempre tivemos a ideia de montar um mega blog com todos os nossos amigos. Como visto, demoramos um pouco para concretizar esse sonho, em parte pelo trabalho, escola, cursos e demais obrigações da nova vida de semi-adulto... e em parte por nossa incompetência e falta de planejamento. Mas aqui estamos nós.

Filmes em 2012

Como o mundo está prestes a acabar, resolvi que esse ano iria ver pelo menos um filme por semana. A intenção, no início, era conhecer os clássicos de que todo mundo falava e eu nunca tinha visto, como O Poderoso Chefão, Drácula de Bram Stoker, etc, mas com o tempo comecei a migrar para filmes mais novos, que não eram clássicos mas eram muito bons (creio que meus filhos ouvirão falar de Os Infiltrados com a mesma reverência que ouvi falar de Os Bons Companheiros).


Não importando se são novos ou velhos, clássicos ou esquecidos, todos que eu vi tem o seu valor. E quando discutimos o que cada um escreveria no blog, não tive dúvidas; eu escreveria sobre filmes. E já vou começar metendo o pé na porta com TAXI DRIVER.

AVISO: SPOILERS PESADOS.

Taxi Driver é um filme de 1976 do diretor Martin Scorsese, que viria a ser meu diretor preferido. Ele conta a história do taxista Travis Bickle, interpretado por Robert De Niro, um homem que se encontra sem expectativa de vida na sombria Nova York dos anos 70.

O tapa na cara já começa aí; o filme mostra uma Nova York bem diferente da que conhecemos hoje, escura, lúgubre e tomada pela violência, drogas e prostituição. À noite enquanto dirige seu táxi, Travis diz:

“Todos os animais saem à noite. Putas, sodomitas, bichas, tarados, maricas e drogados. Perverso. Corrupto. Um dia, irá cair uma chuva para tirar esta porcaria das ruas.”

O filme nos conduz, através do diário de Travis, pela vida de um homem sem propósito. Ele trabalha de madrugada por não conseguir dormir, e às vezes passa o dia inteiro andando de táxi. Travis é o arquétipo do escravo do sistema, do homem sem vida, como Neo no começo de Matrix ou o Narrador de Clube da Luta. É um filme enlouquecedor, tanto pelo clima pesado como pela própria trama.

As coisas parecem que vão melhorar quando ele conhece Betsy, uma moça que trabalha no gabinete de campanha de um político. Eles saem algumas vezes, mas o relacionamento acaba quando Travis a leva num cinema pornô (na moral, nem eu veria aquele filme).

–– Deve estar brincando.

–– O quê?

–– Isso é um filme de sacanagem. (não sei se essa é a tradução correta para dirty movie, mas é excelente do mesmo jeito)

–– Não, não, muitos casais vêm a esse cinema.

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Primeiro, eu fiquei louco de ver a desculpinha que ele deu pra moça, e depois eu fiquei louco por ela ter engolido! O que ela pensou, que ia ver um soft porn com o namorado num cinema de família? Era um cinema lixão!!! Cheio de puta na porta!!! Mas tudo bem, releva. O filme tem cenas bem piores.

Obviamente Betsy não gosta do filme, vai embora e nunca mais atende suas ligações. Isso parece ter sido a fagulha para Travis querer fazer algo da vida.

8 de junho. Minha vida sofreu outra reviravolta. Os dias passam com regularidade, repetidamente, um dia é igual ao seguinte. E de repente se dá uma mudança.

Travis compra armas, coldres, malha e tudo mais. A partir daí vemos a lenta construção de uma psicose, algo entre um assassino neurótico e um justiceiro. Depois de um tempo ele conhece Iris, uma prostituta de doze anos (sim, uma prostituta de doze anos) que certa vez entrou em seu táxi tentando fugir do seu “chefe”.

Então o filme chega ao seu clímax. Travis tenta matar o político (uma vingança contra Betsy?) mas fracassa, então se dirige ao bordel de Iris e mata os seus cafetões. Essa cena é muito estranha para nossa geração, acostumada com heróis que matam todo mundo, não levam um tiro e ainda saem com tudo explodindo atrás. Com Taxi Driver não é assim.

Como disse o grande Azaghal, do site Jovem Nerd;

“Quando você vê um filme do Stallone, ou do Schwarzenegger, os caras tem que matar trilhões de caras, trilhões!!!, pra valer a pena. (...) E você nem fica preocupado, não, esse cara vai conseguir matar todos esses caras. E aí você vê Taxi Driver, que é um filme anterior, o cara entra num bordel de merda, enfrenta três caras e é uma tensão absurda.”

Como quase não vimos nos filmes, o herói se fode todo para salvar a mocinha, e quando a polícia chega o encontra no sofá, ao lado de Íris, completamente ensangüentado. Por mero acaso, o homem que poucas horas antes poderia ter sido um assassino, vira um herói local. Com a repercussão do caso na mídia, os pais de Íris encontram a garota enquanto Travis está em coma, sonhando com o dia em que Betsy o olhará com admiração.

Recomento fortemente a todos vocês assistirem essa obra de arte moderna que é Taxi Drive. Se vocês tiverem estomago para aguentar até o fim, irão presenciar a genialidade e doentia que Martin Scorsese prega em todos os filmes.